Sintomas do trauma: como eles se manifestam?
- Clara Naschpitz
- 6 de out. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 3 de jun.

O trauma é uma experiência que pode mudar profundamente a forma como enxergamos a nós mesmos, as pessoas ao nosso redor e o mundo. Ele ocorre quando vivemos uma situação extrema que o nosso corpo e mente não conseguem processar adequadamente no momento.
Pode ser o resultado de um acidente, violência, perda súbita ou qualquer situação que cause um forte impacto emocional. O trauma não é apenas o que aconteceu, mas também como o nosso sistema nervoso lida com essa experiência.
Para aqueles que já viveram uma situação traumática, as cicatrizes emocionais podem se manifestar em sintomas como ansiedade, depressão, isolamento, baixa autoestima, estresse crônico, dores físicas e dificuldades em relacionamentos. Mas como entender esses sintomas e encontrar um caminho para a cura? Vamos explorar essas questões e como a terapia online pode oferecer um suporte valioso.
Ansiedade e Depressão
O trauma frequentemente leva a sentimentos constantes de alerta (hipervigilância), o que pode se transformar em ansiedade crônica. A depressão, por outro lado, pode surgir quando a pessoa se sente presa, sem esperança ou incapaz de se conectar com suas emoções e com o mundo ao seu redor. Vamos explicar melhor:
A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de estresse, mas em pessoas que sofreram traumas, pode se tornar uma constante. O indivíduo pode se sentir constantemente em alerta, como se estivesse em perigo e isso pode resultar em uma sensação de inquietação ou a necessidade de "fugir" ou "lutar", mesmo em situações cotidianas.
Junto à isso, a pessoa pode desenvolver medos específicos (como medo de andar de carro, medo de lugares fechados ou de multidões) que a levam a evitar essas situações. Isso pode limitar a liberdade de movimento e interações sociais, além de uma tendência a imaginar o pior cenário possível, mesmo em situações benignas, gerando um ciclo de preocupação que pode ser exaustivo e paralisante.
A ansiedade também se manifesta fisicamente, com sintomas como sudorese, batimentos cardíacos acelerados, tremores, náuseas, dor no peito e dificuldade para respirar. Esses sintomas podem ser tão intensos que levam a crises de pânico.
Já a depressão, um estado emocional que tem influência de uma série de fatores, pode surgir após experiências traumáticas gerando desconexão. A pessoa pode entrar em uma visão negativa do futuro, perda de propósito e a crença de que as coisas nunca vão melhorar. Em casos mais graves, a depressão pode levar a pensamentos sobre a morte ou o suicídio.
Algumas pessoas podem comer em excesso ou perder o apetite, resultando em ganho ou perda de peso. Também podem experimentar insônia ou hipersonia (dormir em excesso), afetando ainda mais seu bem-estar. Dificuldade para realizar atividades diárias, como ir ao trabalho, cuidar da casa ou socializar com amigos, além da falta de energia e motivação também estão inclusos nesse cenário.
3. Isolamento
O isolamento é um sintoma comum entre aqueles que passaram por traumas. Ligado à depressão, a pessoa pode optar por se afastar de amigos e familiares, acreditando que não será compreendida ou mesmo sentindo-se desconfiada, desconfortável ou sem sentir ímpeto de se conectar.
Mesmo quando rodeada por pessoas, pode haver uma sensação de não pertencimento ou de estar "desligada", como se estivesse observando a vida dos outros de fora. A pessoa pode sentir que não tem as habilidades sociais necessárias ou que não merece ser amada, o que torna desafiador construir e manter conexões emocionais.
4. Baixa Autoestima
Muitas pessoas que sofreram traumas, isolando-se socialmente, sentindo-se incompreendidas ou julgadas podem ter a autoestima severamente impactada, criando uma percepção negativa de si mesmas. Elas podem se enxergar como “quebradas” ou “não merecedoras” de coisas boas, o que alimenta o ciclo de isolamento.
A autoestima é a percepção que uma pessoa tem de si mesma considerando suas qualidades e valor pessoal. Nesse contexto, o indivíduo pode se ver constantemente criticando a si mesmo, enfatizando suas falhas e minimizando suas conquistas, criando um ciclo vicioso de autodepreciação.
A baixa autoestima pode levar a comparações constantes com os outros, sentindo-se inferior ou inadequado, intensificando o sentimento de isolamento e solidão. A pessoa pode evitar situações sociais por medo de ser rejeitada ou julgada, o que reforça a ideia de que não é digna de amor ou aceitação.
5. Estresse Crônico e Dores Físicas
O trauma não tratado também pode causar um estado de estresse constante no corpo, levando a dores crônicas, tensão muscular e problemas de sono. Essas dores são muitas vezes difíceis de identificar a causa, pois estão ligadas à resposta física do corpo à experiência traumática.
Já o estresse crônico é uma resposta a situações de pressão constante e pode resultar em uma variedade de sintomas físicos e emocionais: muitas pessoas relatam dores constantes em áreas como pescoço, ombros e costas, que podem ser resultado da tensão acumulada devido ao estresse de uma situação inacabada interiormente, em que o corpo não realizou aquilo que precisara para se defender.
O estresse pode afetar o sistema digestivo, resultando em sintomas como dores de estômago, diarreia ou constipação. Também há a dificuldade para adormecer ou manter o sono pode resultar em um estado de fadiga constante, impactando a capacidade de funcionar no dia a dia.
6. Dificuldades nos Relacionamentos
Eis o aspecto mais desafiante: as relações. No caso de pessoas que viveram experiências traumáticas intensas, gerando um estado de insegurança e desconforto interno no organismo, certamente haverá consequências nas suas relações interpessoais. Visto que o trauma frequentemente afeta a capacidade de confiar e se conectar emocionalmente com os outros, pode haver um medo constante que cria barreiras emocionais em amizades, relacionamentos amorosos e até familiares.
Situações que lembram o trauma também podem desencadear reações emocionais intensas, levando a conflitos e desentendimentos nas relações. As dificuldades nos relacionamentos podem surgir devido à visões distorcidas das intenções dos outros e na promoção defesas para não se machucar novamente. Isso pode ser especialmente problemático em relacionamentos íntimos, onde a vulnerabilidade é necessária.
Após um trauma, por fim, o medo de se abrir para alguém pode ser paralisante: o indivíduo pode se sentir incapaz de compartilhar seus sentimentos, dificultando a construção de relacionamentos saudáveis. Contudo, a promoção de conexões seguras e confiáveis são uma das grandes saídas para se trabalhar com o trauma, e esse é uma das portas para se trabalhar com ele no processo terapêutico.
Afinal, a terapia online pode ajudar?
Todos os sintomas citados são interconectados e podem se reforçar mutuamente, criando um ciclo difícil de quebrar. Contudo, reconhecer esses sinais é o primeiro passo para buscar ajuda e iniciar um processo de cura.
Na terapia há a possibilidade de construir um espaço sólido, seguro, confiável e sem julgamentos. Mesmo em seu formato online, ela tem se mostrado uma ferramenta eficiente para ajudar pessoas a se sentirem mais conectadas, calmas e conscientes de si mesmas e de disfuncionalidades geradas por situações mal resolvidas interiormente.
Se você se identifica com esses sintomas, como ansiedade, depressão e outras dificuldades emocionais, lembre-se de que não está sozinho(a) e que o apoio profissional pode fazer uma diferença significativa. Ao buscar ajuda especializada e adotar ferramentas terapêuticas adequadas, você pode transformar a maneira como lida com seus sintomas, reconquistar sua autoestima e fortalecer suas relações.

Nos últimos anos, o ambiente virtual oferece flexibilidade e acessibilidade, tornando possível o atendimento em qualquer lugar, seja no conforto de sua casa ou no escritório. Isso facilita o acesso ao tratamento, especialmente para pessoas que, devido ao trauma, se sentem ansiosas em ambientes desconhecidos ou presenciais.
Além disso, a terapia online oferece:
Conveniência: Você pode participar das sessões de qualquer lugar, o que reduz o estresse de deslocamento.
Privacidade e conforto: Para aqueles que se sentem vulneráveis ou desconfortáveis em consultórios, a terapia no ambiente familiar pode criar um senso de segurança maior.
Continuidade: Mesmo que você viaje ou se mude, pode continuar o tratamento sem interrupções.
Viver com os efeitos de um trauma é difícil, mas não precisa ser definitivo. A terapia online é uma opção acessível e eficaz para iniciar essa jornada de cura, ajudando você a viver de forma mais leve e conectada.
Vamos comigo?
Clara Naschpitz é psicóloga clínica com formação especializada em Gestalt Terapia pela PUC-Rio e terapeuta em Experiência Somática pela Associação Brasileira do Trauma. Atende adultos online e presencialmente em Niterói, com foco em questões relacionadas a ansiedade, trauma e relacionamentos.



