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Ansiedade e Trauma: Sinais de algo mais profundo

Atualizado: 3 de jun.


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Vivemos tempos em que sentir ansiedade parece sinônimo de “ser humano”. É comum ouvir alguém dizer que está ansioso, nervoso ou “com o coração acelerado” sem entender exatamente o que está acontecendo.


A ansiedade se manifesta de formas muito variadas: falta de ar, aperto no peito, insônia, irritação, dificuldade de concentração, preocupação constante, dores no corpo, entre tantas outras. Ela não é “frescura” nem “coisa da sua cabeça” — é uma resposta real do seu organismo a algo que ele entende como ameaça.


Mas e se essa ameaça já passou?


Esse é o ponto em que começamos a olhar mais fundo.


A ansiedade é, antes de tudo, um pedido de atenção. Ela aparece quando o corpo e a mente entram em estado de alerta — como se estivessem se preparando para reagir a um perigo. Mas, muitas vezes, esse “perigo” não está no presente. Ele está no passado. E continua vivo dentro de nós por meio de memórias, sensações, imagens e sentimentos não processados.


É por isso que, mesmo em situações aparentemente seguras, você pode se sentir tensa, inquieta, desconfortável. Seu corpo lembra de algo que sua mente talvez nem consiga explicar. E a ansiedade vira um sintoma de algo mais profundo: o trauma.


O trauma não é só o que acontece com a gente — é o que acontece dentro da gente quando vivemos algo que ultrapassa nossa capacidade de lidar, seja emocional ou corporalmente. Às vezes, são eventos intensos e marcantes, como um acidente, uma violência ou uma perda repentina. Outras vezes, são experiências mais sutis, mas constantes: crescer em um ambiente sem afeto, ser exposta a críticas constantes, viver situações de insegurança ou negligência emocional.


O trauma deixa marcas no corpo e no sistema nervoso. Ele nos mantém em estados de hiperalerta (como a ansiedade), congelamento (apatia, desconexão) ou colapso (exaustão emocional, sensação de impotência). E o mais importante: muitas vezes, essas reações são involuntárias. Não é que você escolhe ficar ansiosa — é seu sistema tentando te proteger, mesmo que o “perigo” já tenha passado.


Ansiedade e trauma: um ciclo que se repete no corpo


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A relação entre ansiedade e trauma é íntima. A ansiedade, muitas vezes, é o sintoma visível de um trauma que ainda não foi digerido. O corpo reage como se estivesse preso no passado, revivendo sensações antigas a cada novo gatilho. Uma palavra, um cheiro, uma expressão de alguém... e o coração dispara, o corpo enrijece, o pensamento acelera.


A boa notícia é que esse ciclo pode ser interrompido. A cura é possível — e começa com o reconhecimento.


Quando conseguimos entender que a ansiedade não é “defeito”, mas um sinal de que algo dentro de nós está pedindo cuidado, abrimos um espaço novo para transformação. E esse espaço se amplia ainda mais na psicoterapia.


O papel psicoterapia no acolhimento da ansiedade e do trauma


A psicoterapia um lugar de reconexão. Um processo onde, com apoio profissional, você pode dar nome ao que sente, perceber os sinais do seu corpo, reconstruir a relação com sua história e com sua própria capacidade de viver com mais calma, presença e autonomia.


Mais do que “falar sobre o que aconteceu”, a terapia ajuda você a sentir com segurança. A trabalhar o que ficou preso no corpo — aquelas sensações congeladas, os impulsos interrompidos, as respostas de luta ou fuga que não puderam se completar.


Nesse processo, você não será pressionada a reviver nada que não queira. Ao contrário: o foco está em restaurar, aos poucos, a sensação de segurança interna. Desenvolver recursos para lidar com as emoções, habitar o próprio corpo com mais conforto e retomar o ritmo natural da vida.


Não é sobre “se livrar da ansiedade”, mas sobre escutá-la com maturidade, entender o que ela sinaliza e construir novas formas de se relacionar com o que você sente. A ansiedade deixa de ser um inimigo, e passa a ser uma bússola.


Se você se identifica com o que foi dito aqui — se sente que sua ansiedade tem raízes mais profundas, se percebe que carrega no corpo uma tensão que não passa, se deseja viver com mais leveza, presença e consciência — talvez seja o momento de buscar apoio.



A psicoterapia oferece um espaço seguro, ético e sensível para esse caminho. E você não precisa fazer isso sozinha. Quer dar um passo rumo ao bem estar?




Clara Naschpitz é psicóloga clínica com formação especializada em Gestalt Terapia pela PUC-Rio e terapeuta em Experiência Somática pela Associação Brasileira do Trauma. Atende adultos online e presencialmente em Niterói, com foco em questões relacionadas a ansiedade, trauma e relacionamentos.


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